Estamos, na verdade, cansados desta queda de braço entre a
esquerda e a direita que vemos neste momento político do nosso país.
Observamos nossas cortes maiores – TSE, STJ e STF tomarem
partido esquecendo que democracia é corda e caçamba, aonde liberdade e
responsabilidade são indissociáveis não suportando divisões tão duras como as
que estamos vendo hoje, divisões estas, em quase sua maioria, proporcionada por
decisões, na maioria das vezes, monocráticas dos nossos juízes.
Qual o interesse por trás desta necessidade que nossas
cortes têm de tutelar o nosso direito de separar o que nos interessa e o que
não nos interessa? Aonde está escrito que nossos conceitos, e poder de análise,
precisam de alguém a nos indicar que caminho tomar?
Paralelo a isso vemos nosso congresso, principalmente a
Câmara do Deputados, a querer tutelar e criminalizar os institutos de pesquisa
que porventura, talvez até por erro mesmo de análise ou de incompetência, deem
resultados diferentes desinformando as pessoas que analisam os resultados.
Isto já não acontece de hoje e, com certeza, vamos ver em
outros momentos, no futuro, resultados não condizentes com as projeções feitas
quando das pesquisas realizadas; temos vários exemplos de aferições erradas, e
até erráticas, porque analisaram erradamente as informações recebidas. Podem
estes erros terem sido cometidos de forma intencional? Sim, até podem, mas não
é a regra geral; soa mais a incompetência do que a qualquer outro motivo!
Mas uma certeza temos, qual seja, estes institutos serão
levados ao descrédito e irão perder como cliente quem deseja fazer avaliações
sérias pois de tanto dar resultados errados perde sua credibilidade. Querer
dar esta importância que alguns querem dar a esses institutos de pesquisa é
querer acreditar que realmente somos burros e incompetentes para fazer
análises.
Vejo, a cada dia que passa, um horizonte mais nublado, mais
turvo, principalmente no tocante a política nacional visto termos tanta
discórdia entre o que achamos ser o certo e o errado; se não concordamos somos
excluídos, somos taxados pejorativamente de isentões (palavra que hoje tem um
enorme peso para ser usada como rotulagem), quiçá até de covarde; ou seja, uma
grande parte dos “engajados” querem lhe obrigar a ter uma posição. As pessoas
já não podem analisar, com isenção qualquer posicionamento político sem ser necessariamente
rotuladas.
Isto tudo se deve à forma com que nossa democracia vem sendo
achincalhada por aqueles senhores, em tese, guardiões da mesma democracia;
estes senhores passaram a tratar de forma pessoal o que deveria ser tratado com
isenção. É difícil ter perfeito entendimento do que realmente nossos políticos
e nossos juízes querem neste momento; juiz se expressa nos autos e não sob
holofotes.
Temos um arcabouço jurídico amplo que nos permite avaliar
quase tudo de forma perfeita com necessidade, é claro, de atualizações
principalmente nas áreas de inteligência artificial e internet, por serem ramos
novos do direito, tanto quanto no comportamental visto estarmos passando por
mudanças sérias de entendimento do comportamento/relacionamento humano, mas
estas mudanças não invalidam tudo já escrito em nosso código civil e penal;
porquê essa necessidade de querer mudar tudo com decisões únicas e monocráticas,
por parte do judiciário, e com novas leis específicas por parte do congresso?
Quem souber nos explique, por favor.
Isto posto, vemos um mundo diferente surgir, mundo esse não
diferente no tocante à necessidade de alguns políticos, por se acharem acima da
lei e terem tendências a governar com suas próprias regras, mas diferente
porque podemos de forma livre expor nossos sentimentos, e liberdades, e para
tanto só precisamos que as leis já existentes sejam cumpridas e não de novas
leis específicas para determinados ações.
A todo momento lemos e ouvimos, de parte importante da
sociedade, não só no Brasil como no mundo, da necessidade de mudanças
comportamentais, da necessidade de novos rumos mas também vemos uma outra parte
se afundando, chafurdando mesmo, em ideias e ideais, talvez nocivos, tentando
fragmentar a sociedade para conceitos e interesses minoritários, sejam eles
políticos ou mesmo de comportamento.
Basta vermos, aqui em nosso país, nas últimas eleições –
falo de três décadas, esta insana ideia divisional entre um possível lado do
bem e um possível ramo do mal.
Olhando um pouco mais atrás, quando saímos do período de
governos militares, foi eleito de forma indireta pelo congresso quem poderia
nos levar a um mar de democracia e infelizmente tivemos o falecimento do
Tancredo Neves acabando por nos deixar nas mãos despreparadas de um político de
ideias rasas e corruptas para governar, José Sarney. Vimos infelizmente o
resultado daquele desgoverno na queda abissal da nossa economia, no aumento
incessante da inflação, enfim, um país em que nada dava certo porque não
tínhamos nos preparados, política e economicamente, para uma nova era
democrática a ser vivida.
Logo em seguida elegemos, pala via do voto direto, quem
prometia ser o guardião do bem, “caçador de marajás” do serviço público, e deu
no que deu, um arremedo de corrupção se instalou com raízes em nosso país, e
por uma ação do povo – lembram dos famosos “caras pintadas”, formando
barricadas para ter o impedimento daquele senhor, Collor de Melo; acabaram por
influenciar nosso congresso, com todas as bancadas apoiando a destituição daquele
governante e entregando nas mãos de um improvável vice os destinos do povo
brasileiro.
Que coincidência!
Dois novos presidentes começando um período de democracia
que não conseguiram terminar seus mandatos, por vias diferentes, acabando por
deixar com seus vices presidentes os destinos da política.
Felizmente para nós brasileiros foi a melhor solução pois
aquele senhor que assumiu o governo, Itamar Franco, não tinha pretensões,
aparentemente, de se perpetuar e administrou de forma brilhante os rumos
políticos e econômicos, e entregou em boas mãos os destinos econômicos acabando
por fazer o seu sucessor, FHC, um estadista como há muito não víamos em nossa
história. Mas ao mesmo tempo em que passamos por um período de crescimento, e melhoria
na renda dos brasileiros, vimos nascer um projeto político com tendências de
esquerda, o que seria bem lógico pois vínhamos de governos militares de
direita. Ocorre que estas raízes fincadas pelo governo FHC, eleito e reeleito
com apoio dos ramos mais radicais da esquerda brasileira, a mesma esquerda
produtora dos radicais políticos, acabou por eleger um governante com ideias
próprias, até certo momento palatáveis, mas acabou por se aventurar em caminhos
pouco ortodoxos se entregando a corrupção e ao divisionismo. Dizer que não
houve um marco nos governos do Sr. Luis Inácio seria como negar a realidade
vivida nos quatro primeiros anos de governo por ele cumprido a promessa feita
aos brasileiros de não mudar radicalmente os rumos econômicos, e nos levou a
bons momentos, mesmo porque o mundo navegava em mares “de almirante” com
crescimento econômico sustentável, nossa economia usufruindo do boom das commodities,
o mundo, principalmente a Ásia, necessitando de matérias primas como ferro e
alimentos em abundância, tudo o que tínhamos a oferecer. Mas infelizmente
aquele projeto de governo acabou por ser deturpado, se transformou em projeto
político pessoal, e de uns poucos, como acontecia no mundo dos ditadores de
esquerda, acabando por transformar nosso país em uma cleptocracia, no qual o
resultado todos já conhecemos.
Aí retorno ao início do que eu queria escrever, o
divisionismo inicialmente do “nós contra eles” e agora dos “evangélicos contra
os pecadores”, lembrando que não são todos os ramos evangélicos que apoiam este
posicionamento mas acentua de forma incisiva o divisionismo.
Torço para acabar logo isto, na verdade no fundo não
acredito, mas precisamos de uma reforma radical no pensar dos políticos
acreditando que o novo congresso eleito possa servir de marco para acabar, de
vez, com radicalismos nas duas pontas desta corda chamada democracia.
@Borba1948
ceborba.blogspot.com