terça-feira, 27 de junho de 2017

A Educação no Brasil

Segue mais um escrito, de 2006 mas atemporal.

06/2006
Nesta semana, ao ler as páginas amarelas da revista Veja, li uma entrevista do Sr. Normal Gall, do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial, americano de nascimento e brasileiro naturalizado, vejo que às vezes, quase sempre, é preciso que alguém com visão maior, porque não dizer holística, encare a realidade do nosso Brasil de que a educação e a cultura têm que ser os pilares das mudanças que se fazem necessárias. Mais importante ainda é ver que este conceito é emitido por alguém que escolheu este país para viver apesar de todas as possibilidades contrárias.

Na entrevista este senhor fala sobre a deterioração da escola pública como base para a infinidade de males que assolam nossa população mais pobre que não tem acesso a um ensino mais elaborado e de melhor qualidade.

A constatação de que os políticos não priorizam a educação mais uma vez nos mostra o quão desamparada está a população e demonstra, também, o quanto a nossa sociedade (os mais ricos) não se preocupa com o futuro. A generosidade e a filantropia não fazem parte do nosso ideário e isto dificulta em muito a distribuição de riquezas, não só a riqueza financeira mas também, e principalmente, a cultural.

Como podemos ter cidadãos cientes e conscientes para poderem lutar por melhores condições se os mesmos não conseguem sequer ter a condição mais básica para poderem entender o que é preciso ter para, então, poder fazer?

É muito difícil em nosso país estudar pois a escola pública não dá, àqueles que dela se utilizam, a base necessária para poderem lutar, no seu futuro, por uma vaga no ensino superior e poderem, então, completar o ciclo de ensino que precisam.

Em algum momento passa pelo meu pensar se necessário seria uma regressão tão grande da situação econômica financeira da classe média brasileira que obrigasse a todos nós ter que matricular nossos filhos nas escolas públicas para que desta forma, via pressão desta imensa maioria de brasileiros, nossos políticos enfim se rendessem a necessidade de que é preciso mudar.

Dá para imaginar que Brasil teríamos com boas escolas primárias e secundárias em tempo integral, aonde os alunos poderiam ter acesso a boa alimentação, senão a melhor a mais adequada, uma formação educacional bem estruturada, horário para a prática de outras atividades - leitura, esporte, artes, ensino técnico - enfim atividades que além de dar uma melhor formação poderia dar liberdade para que os pais, sabedores que seus filhos estariam sendo bem atendidos por este estado que os esfola em impostos, pudessem trabalhar com mais tranqüilidade e, lógicamente, produzir mais e de forma melhor.

É claro que também podemos pensar no ensino superior, não o ensino superior que temos hoje gratuito, e que só privilegia a classe média e média alta que podem pagar boas escolas com melhor formação para os seus filhos, mas um ensino que obrigaria a cada aluno formado devolver de alguma forma este benefício recebido à sociedade para que novos alunos pudessem usufruir do mesmo ensino e com a mesma qualidade. As formas de devolução podem ser várias, desde a prestação de serviços ao estado até pura e simplesmente com o pagamento em numerário do curso para aqueles que não quisessem fazer a prestação do serviço.

Imaginemos assim: as principais universidades federais, estaduais ou municipais aceitariam os melhoras alunos das escolas de ensino médio federais, estaduais ou municipais - para tanto reservariam um percentual de suas vagas para estes estudantes (sem preocupação de raça, credo ou qualquer outra forma de discriminação, mesmo porque pobre é pobre independentemente de sua cor ou credo) e estes alunos após formados prestariam serviços ao estado nas suas funções por um período de tempo, com remuneração de mercado, o que de uma forma ou de outra estaria devolvendo em serviços à população o que ela investiu com os impostos na formação daquele profissional.

Será que estes profissionais, conscientes de que sua formação foi advinda única e exclusivamente através dos impostos que foram pagos por aqueles a quem está prestando serviços, não os veriam de uma forma mais humana?


O mais importante de tudo isto é que se o estado não investir de forma séria e concisa em educação não podemos ter a certeza de que teremos um Brasil de melhor qualidade e com cidadãos que poderão exercer sua cidadania com dignidade.

cecborba@gmail.com
@Borba1948

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