Vendo agora o jogo do América Mineiro e Santos, série B, ocorreu um fato, enaltecido pelo narrador, como "nada a ver" mas que já vimos ocorrer na Europa com mostras que nem sempre levar vantagem é o mais importante.
O goleiro do Santos teve um contusão grave e o atacante do América pegou a bola e fez o gol.
Tem para quem quiser ver na internet vários casos assim nos quais mesmo tendo sido validado o gol o time adversário, ou por vontade dos próprios jogadores ou por ordem do treinador deixaram o time adversário marcar um gol para anular o que havia acontecido. Verdadeiro farplay porém muito mais ser justo e contra o simplesmente "levar vantagem".
Não é fácil tomar a decisão certa; o jogador poderia ter colocado a bola para fora porque com o goleiro machucado ele não teria ninguém para impedir a conclusão, ou o próprio treinador poderia ter dado a ordem para deixar o Santos empatar. Será que ele, o treinador do América Mineiro, Cauan de Almeida, teria coragem para dar tal ordem?
O que os diretores achariam?
Iriam demiti-lo?
Temos um caso bem emblemático de farplay que marcou um jogador aqui no Brasil e até hoje ele dá explicações sobre o ocorrido; dizem até as más línguas que a diretoria do time (São Paulo) se desfez do jogador porque a torcida "teria exigido".
O jogador é Rodrigo Caio, um monstro como zagueiro, que em um jogo contra o Corinthians no Campeonato Paulista, após o atacante Jô ter levado um cartão amarelo por supostamente ter pisado no goleiro do São Paulo, ele se apresentou ao árbitro e disse que ele é quem havia pisado no goleiro do seu time. O árbitro mais que depressa retirou o cartão amarelo do atacante que agradeceu imediatamente ao Rodrigo Caio pela atitude.
O que deveria ser uma atitude normal passou a ser considerada, dependendo do ângulo e interesse a ser olhado, anormal: uma aberração (a torcida são-paulina achou ser aberração mas o farplay bateu palmas) ou simplesmente honestidade?
Hoje ao ver a atitude antidesportiva do jogador do América Mineiro ao se aproveitar de um infortúnio do goleiro do Santos, que saiu de campo na maca e foi levado imediatamente para o hospital, devido a possível gravidade da contusão - até a hora que escrevo ainda não sabemos o nível da lesão, e me pergunto: qual é a melhor atitude?
Será que eu teria o desprendimento, e a humildade, do Rodrigo Caio (só para ficar no exemplo brasileiro) ou iria preferir levar vantagem como fez o jogador do América?
Fosse eu o treinador do América Mineiro teria mandado os jogadores deixarem o time do Santos marcar o gol sem fazer nenhuma pressão como já vimos ocorrer na Europa?
É uma questão a ser, talvez, discutida à luz da nossa realidade de educação, política e até cultural. Estamos prontos a abrir mão de levar vantagem e de realmente vencer pela nossa competência?
Nossos pares estão preparados para saber avaliar qual a melhor decisão a ser tomada sem ter que nos escrachar porque abrimos mão do ganho fácil?
É uma bela questão a ser discutida por todos nós.
@Borba1948
ceborba.blogspot,com