A tragédia ocorrido no CT do Ninho do Urubú, do Flamengo,
é uma tragédia que até poderia não ser evitada visto que, aparentemente, teria
ocorrido devido a um curto circuito em um dos aparelhos de ar condicionado de
um dos container´s que serviam de alojamento. Até aí nada demais, mesmo porque
a utilização de container´s para moradia é uma realidade utilizada por muitos,
existem vários projetos de arquitetos que inovam criando residências com vários
destes equipamentos além do que vários locais comerciais utilizam estes módulos para
facilitar a construção de lojas de forma rápida – aqui na Bahia, em Feira de
Santana, tem inclusive um pequeno centro comercial com vários destes
equipamentos sobrepostos como lojas, portanto algo não inusual.
O que nos causa estranheza é o fato das autoridades
constituídas não cumprirem o papel de fiscalizar e obrigar quem de direito a
cumprir suas obrigações, o que me parece ser o caso do CT do Ninho do Urubú no
RJ; a imprensa informa que o CT do Flamengo foi autuado em várias ocasiões, conforme
matéria do estadão: “A área do alojamento que pegou fogo na madrugada desta
sexta-feira, 8, onde dez pessoas morreram e três ficaram feridas, no Centro de Treinamento do Flamengo, chegou a ser interditada pela Prefeitura do Rio, em 2017,
por falta de alvará. A administração municipal informou que lacrou o local
depois de emitir 'quase 30 multas' ao Flamengo por mantê-lo em
funcionamento.”
Sim, e daí?
Como pode o estado não ter condição
de impedir que uma empresa funcione em local que não está devidamente preparado
para operar e sem as devidas licenças? É pura omissão do estado!
A prefeitura deveria ter tomado
atitudes drásticas, inclusive judiciais, para impedir o funcionamento irregular
daquela unidade o que, com certeza, levaria o clube a regularizar todas as
pendências, inclusive com o Corpo de Bombeiros, para ter a liberação, em
definitivo do espaço para o qual foi planejado, inclusive, inclusive de dormitório/alojamento
dos atletas.
A omissão do estado não serve de
desculpa, é claro, para não imputar responsabilidade ao clube, mas se o estado
cumprisse seu papel de fiscalizar, e de punir, este tipo de risco seria
minimizado, o que até poderia não evitar a tragédia, visto que aparentemente se
deu por mau funcionamento de um equipamento de ar condicionado, mas o clube
teria mais responsabilidade e a legislação estaria sendo cumprida.
Este tipo de atitude dos gestores
públicos, o não cumprimento das interdições impostas aos entes públicos e
privados, deveria ser também motivo de impedimento, e responsabilização, dos
mesmos visto que a omissão também pode ser considerada como parte da tragédia
ocorrida.
Enquanto tivermos o estado que não
cumpre suas obrigações deixando que cada um faça o que melhor entender, sem que
tenha cumprido todas as obrigações inerentes aos interesses maiores da
população, teremos este tipo de tragédia acontecendo e, com certeza, não será a
última em que teremos que chorar por mortes que não deveriam ocorrer.
Basta lembrarmos da tragédia da
Boate Kiss que também não tinha alvará de funcionamento.
Até quando teremos que aceitar que
o estado não cumpra suas obrigações?
Até quando teremos que chorar por
vidas que foram ceifadas e por sonhos interrompidos?
Até quando?
@Borba1948
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