terça-feira, 26 de março de 2019

O Brasil do PT - As incongruências do nosso governo e do Ministro da Justiça

Só para relembrar um escrito de 2016.01



Nos últimos dois anos me impressionam as atitudes do nosso governo e do Ministro da Justiça no tocante às denúncias de corrupção que grassam em todas as esferas do governo.

O que mais me impressiona é que, apesar de todas as denúncias (embora ainda exista no Brasil muito denuncismo) de corrupção no governo através das atitudes do partido governista, o PT, ainda assim o governo não se rendeu a querer apurar tudo, muito pelo contrário, tentou de todas as maneiras bloquear as tentativas de apuração através de ações que este mesmo partido sempre condenou.

Estas ações diversionistas e fisiologistas promovidas pela cúpula e pelas lideranças do governo, tanto na Câmara dos Deputados como no Senado nos levam a repensar todo o apoio que nos foi pedido e foi dado através do voto.

Vejam que relendo nossa história recente, da era Collor de Mello, quando em manobra política realizada
pelo povo através dos estudantes, os “caras-pintadas”, que nos deram exemplo de democracia, cidadania, atitude política e que levaram a ação de pedido de “impeachment” daquele governante, o que foi conseguido através de ação promovida por cidadãos da mais alta linhagem política e do direito, causídicos de estirpe, deste país como  Evandro Lins e Silva, Miguel Reale Jr e Fábio Conder Comparato, nos surpreende que membros ativos deste governo como o Ministro da Justiça, Márcio Thomás Bastos, continuem apoiando estas tratativas e descaminhos.

Relendo um livro de depoimentos feitos ao CPDOC da Fundação Getúlio Vargas – O Salão dos Passos Perdidos, por Evandro Lins e Silva, um dos maiores expoentes do direito deste país, no qual temos um relato de sua vida pessoal, profissional e política, ele nos conta como foi todo o processo para a ação do impeachment.

“Quando surgiu a idéia do impeachment, os textos iniciais da petição foram feitos em São Paulo. Do primeiro grupo que produziu um texto eu não posso fixar quem fazia parte. Depois houve um texto do Fábio Konder Comparato e um outro do Miguel Reale Jr. Recordo-me que houve uma reunião em São Paulo na casa do Márcio Thomás Bastos, em que talvez houvesse uns 20 advogados presentes, onde se discutiu esses textos (grifo meu) .........Aquele grupo de advogados estava concentrado ali, por inspiração da OAB e da ABI, a Associação Brasileira de Imprensa, para encontrar uma maneira de propor o impeachment.

Mais à frente, quando fazia o relato já do processo ele explica porque dispensou o depoimento de Paulo Cesar Farias:

“....Eu tinha lido na Veja uma entrevista do PC Farias dizendo que o Collor era um ingênuo, inteiramente desinteressado de bens materiais, de dinheiro, era um homem que não sabia nem fazer um cheque, portanto, inocentando o Collor. Logo pensei: está aí a trama entre eles.O depoimento do PC Farias vai ser, perante a nação, um panegírico, um elogio do Collor. Collor vai ser apresentado como um homem inocente, fora de qualquer ação.”

Será que isto tem a ver com o momento atual do nosso Presidente quando afirma que “eu não sabia”? É a história que se repete e nos leva a imaginar que o sonho acabou.

Porque será que todos aqueles que lutaram tão bravamente contra aquele “status quo”, aqueles momentos que, de certa forma, turvaram a nossa tão recente história de democracia plena e completa, se tornaram tão óbviamente retrógrados?

Espero sinceramente que esta aventura do PT não nos leve ao desalento de acreditar que para nós brasileiros o Brasil não tem saída.

Carlos Eugenio Borba
Salvador - Bahia
cecborba@gmail.com
@Borba1948



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