Hoje,
lendo notícias de que os vereadores da cidade do Rio de Janeiro aprovaram uma
lei obrigando aos estabelecimentos de supermercados da cidade a
disponibilizarem lupa para os clientes lembrei de algumas histórias vivenciadas
em meus “alguns” anos de vendas.
Não
vou aqui discutir se é bom ou se é ruim, se esta deveria ser uma preocupação
dos edis da cidade do Rio de Janeiro, que afinal ganham rios de dinheiro para
produzir certas “pérolas” mas cabe aqui um depoimento meu acerca de visão
empresarial.
Em
minhas muitas viagens pelo nordeste, a trabalho na área comercial, tinha como
clientes as grandes redes de supermercado, atacados e distribuidores e como
parte da minha tarefa de conhecer bem os clientes, além da visita de negócio me
obrigava, claro, a visitar as lojas e a conversar com os clientes que lá, nas
lojas, faziam compras.
Dentre
as várias redes regionais uma sempre me chamava a atenção, ficava sediada em
Natal – RN, tinha um CEO, Sr. Manoel (se não me falha a memória), comerciante
de larga competência, e experiência, um verdadeiro dinossauro no ramo, no
melhor sentido, e com cuidados muitos próximos, podíamos assim dizer, da
perfeição no atendimento.
Lembro
que uma vez, em visita comercial à cidade, estava sendo inaugurado um Hiper Carrefour no Bairro Redinha, e esta nova loja ficava ao lado de uma outra, com
boas vendas, da rede Nordestão, mas tinha um grande diferencial, qual seja, ar
condicionado, muita amplitude – afinal era um Hiper Mercado, com um posto de
gasolina, enfim, com tudo o que tinha direito para o consumidor se sentir bem.
Após
estarmos na inauguração visitamos a loja do Nordestão e, sem surpresa, Seu Manoel
lá estava conversando com seus clientes, procurando saber em que poderia
melhorar a loja, enfim, ouvindo dos seus clientes, como poderia melhor atendê-los
visto que um grande hiper estava inaugurando ao lado.
Depois
de algum tempo reformou toda a loja, colocou no estacionamento equipamentos
para sombrear as vagas, ar condicionado, novo layout, enfim, seus clientes já
acostumados com a nova realidade da loja simplesmente deixaram a loja do
Carrefour às moscas; na verdade a rede Nordestão tinha naquela época, já a fama
de fazer com que as grandes lojas Hiper das redes Bompreço, Pão de Açúcar e
Carrefour fosses denominadas de cemitérios visto que na maioria do tempo
ficavam às “moscas”, com baixo fluxo de clientes. Note-se que nenhuma loja da
rede, naqueles anos de 2005 a 2008 em que visitava constantemente a região, poderia
ser classificada como Hiper, eram todas as lojas supermercados, algumas maiores
outras nem tanto.
Mas
não é sobre isto que quero falar e sim da forma como aqueles “dinossauros” do
comércio encantavam seus clientes.
Em
um determinado dia, visitando a loja com o vendedor da região, Francisco, hoje
um grande conhecedor de vinhos e charutos, avaliando o trabalho de promotoras e
degustadoras, deparei com uma lupa, isto mesmo, UMA LUPA, colocada na gôndola de
forma a facilitar a qualquer cliente que sentisse dificuldade para ler aquelas
letrinhas miúdas nos embalagens/rótulos dos produtos, para que pudesse ter
comodidade para ficar a par do que estava escrito.
Qual
não foi minha surpresa, ao verificar que em várias gôndolas, em locais estratégicos
e sinalizados, encontrávamos as lupas e vários clientes fazendo uso; e não
estávamos na era dos QRCODE, que hoje disponibilizam toda a informação do
produto ao cliente.
O
que quero, com este depoimento, é demonstrar que sempre haverá alguém querendo
encantar seu cliente, e para isto não precisa de uma lei, seja ela municipal,
estadual ou mesmo federal visto que quem conhece mesmo o seu cliente faz com
que a fidelidade seja natural e sem cobrança.
Encantar,
tratar de dar ao seu produto o valor que o cliente espera dele, fazer com que o
cliente se sinta importante, enfim deixar o cliente à vontade com gestos tão
simples, como uma LUPA para poder ver letrinhas de rótulos/embalagens, isto sim
é fazer com que seu negócio se perpetue.
Não
sei de Seu Manoel, já deve ter passado desta para melhor, como se diz no
popular, mas uma certeza eu tenho, aquele comerciante sabia como encantar o seu
cliente.
@Borba1948
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