quinta-feira, 28 de maio de 2020

João Bom-Senso

Esta semana, mais precisamente ontem, 27/05, lendo alguns dos absurdos produzidos por membros dos três poderes, quiçá do judiciário e do executivo, me lembrei, lá longe, da Fábula dos Porcos Assados, a qual em meus estudos de administração fui apresentado.

Naquela fábula logo após os homens terem comido porcos assados depois de um incêndio na floresta, foi desenvolvido um sistema complexo para que os do povo pudessem comer seus porcos assados e quando alguém, sr. João Bom-Senso, propôs um sistema mais simplificado e com melhor metodologia não foi entendido e foi severamente repreendido e sumiu. Dizem que daí teria surgido o tão famoso dito “falta de bom-senso” quando alguém comete uma ação, ou atitude, sem noção.

A analogia que faço é deste momento político pelo qual estamos passando, momento este no qual está faltando o sr. Bom-Senso, por tantos quantos estão envolvidos nas querelas políticas deste momento em nosso país. Do PR Bolsonaro, passando pelos ministros de estado, pelos filhos de sua excelência, pelos apoiadores, quiçá até seguidores apaixonados, que ao se referirem aos outros poderes só o fazem de forma queixosa e grosseira, tanto no aspecto político quanto no aspecto de educação.

O pior deste momento é o tão discutido, e controverso, inquérito das fake news iniciado por ação do Presidente do STF, Dias Tóffoli, inquérito este que a grande maioria dos juristas deste nosso país acredita estar em desacordo com as regras constitucionais visto que, segundo estes juristas, não poderia caber ao STF a condição de propor, fazer as diligências e julgar; nesta condição estaria este inquérito viciado.

O PR Bolsonaro, que não tem nenhum bom-senso, vai para a rua e começa a desancar os ministros vociferando impropérios, que são de uma total falta de elegância (para dizer o mínimo) e também de educação; claro que ele está respondendo a algo que já iniciou errado pelo STF e que jamais deveria ter sido proposto pelo presidente Tóffoli que só o fez por vaidade e por achar que o STF estaria acima de qualquer outro poder. Deu no que está dando!

Não satisfeito o mesmo STF propõe em ação iniciada – esta é a forma correta, pela PGR, que seja disponibilizado um vídeo de uma reunião do PR Bolsonaro com ministros de estado, que deveria ser sigilosa, na qual o ex-ministro Sérgio Moro disse ter sido feita uma afirmação pelo presidente de interferência na polícia federal e aí, como dizem os baianos, “deu-se a merda” pois além de mostrar as falas relativas ao caso, inclusive expondo o PR com utilização de palavras chulas e inconvenientes, deixou para que todos vissem falas destemperadas de ministros que ao se referirem aos da suprema corte o fazem de forma chula e agressiva. Não deu outra, o ministro Alexandre de Moraes mandou a PF ouvir o ministro da Educação, ou seria da deseducação, o sr. Abraham Weintraub para que o mesmo possa explicar o dito de que “os ministros do STF deveriam ser todos presos”; um erro sempre levando a outro erro.

No dia seguinte tanto o destemperado presidente do Brasil como o não menos deseducado filho, Flávio Bolsonaro, desandam a vociferar impropérios levando o que seria um simples desacordo de ideias a se transformar em um grande problema institucional.

Sinceramente não sabemos aonde isto vai parar, só sei que se ninguém tiver um olhar mais holístico, olhar este que veja o todo e não somente os interesses individuais podemos acabar com um grande e intenso terremoto, em escalas inimagináveis, na nossa tão insipiente democracia; é preciso que o governo recheado de militares seja controlado a pensar como civis que são, que os ministros de estado não sejam só marionetes nas mãos controladoras do presidente e que ele, o PR Bolsonaro, tenha humildade para poder controlar os loucos seguidores, inclusos aí os filhos e controle o tom para que não tenhamos que nos preocupar se amanhã teremos que esperar um regime de força e nos rebelarmos.

Já basta de golpes de estado!

Já vivemos tantos deste a tomada do poder do Imperador pela elite da época que buscou a força necessária no exército e acabou por proclamar a república, em 1889, o primeiro, até o de 1964, o oitavo, que nos revelou a ditadura militar; é necessário que os nossos militares, que não fazem guerra porque somos por natureza um povo pacífico, se lembrem da nossa constituição - Art. 142, que determina de forma clara qual deve ser a postura e atitudes das forças armadas, qual seja a de defender a democracia e nunca mais operarem golpes para, de forma canhestra, avalizarem nosso sistema de governo.

Golpe de estado JAMAIS!

@Borba 1948



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