sábado, 2 de dezembro de 2017

Até quando Gilmar

Muito pouco a dizer; melhor lembrarmos do discurso do então Consul romano Marco Túlio Cícero, proferido contra o também senador Lúcio Sérgio Catilina, no senado romano, e tão atual.

Para ficar mais claro, vou abusar um pouco e cometer a heresia de mudar o nome; segue:

"Até quando, Gilmar Mendes, abusarás da nossa paciência?
Por quanto tempo a tua loucura há de zombar de nós?
A que extremos se há de precipitar a tua desenfreada audácia?
Nem a guarda do Palatino,
nem a ronda noturna da cidade,
nem o temor do povo,
nem a afluência de todos os homens de bem,
nem este local tão bem protegido para a reunião do Senado,
nem a expressão do voto destas pessoas, nada disto conseguiu perturbar-te?
Não te dás conta que os teus planos foram descobertos?
Não vês que a tua conspiração a têm já dominada todos estes que a conhecem?
Quem, dentre nós, pensas tu que ignora o que fizeste na noite passada e na precedente, onde estiveste, com quem te encontraste, que decisão tomaste?
Oh tempos, oh costumes!"

Pobre Brasil que ainda tem em sua suprema corte este tipo de ministro que nada faz para dignificar o cargo e para cuidar do nossa tão frágil democracia. Parece que estamos em 63 a.C ouvindo as mesmas palavras de alguém que está a conspirar contra nosso país pronto a perpetrar um golpe para que os seus amigos e, como já ouvimos de um outro ministro, seus compadres, possam assumir o poder e continuar com esta horda a promover discórdia e conspirações.

Até quando este ministro abusará da nossa paciência?

Será que não há a mínima possibilidade deste ministro ser defenestrado e até impedido?

Com a palavra aqueles que podem, de alguma forma, conter esta horda que tenta, de todas as formas, fazer com que nosso país continue a navegar nestes mares tempestuosos.

Até quando?  

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segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Intervenção militar não!


Ricardo Noblat: faço minhas as suas palavras (resumido).
"Ricardo Noblat
Na democracia, militar é um civil que veste farda, anda armado e pilota brucutu. Uma vez que seu salário é pago pelo governo, ele é um servidor público como outro qualquer.
Não está acima das leis como ninguém está. Merece respeito como a qualquer pessoa deve respeito. Seu superior é o presidente da República. Entre suas tarefas não está a eliminação da vida pública de políticos corruptos.
O temor reverencial dos brasileiros à farda é alimentado por governos civis fracos e tem tudo a ver com um passado de intervenções militares que por nefastas, dolorosas e estúpidas desejaríamos esquecer. Mas, não.
Tal passado jamais deve ser esquecido, para que jamais se repita."
No país que vivemos, após tantos anos de ditadura militar, não cabe, jamais, pensar em intervenção militar, em que pese as atitudes insanas destes políticos corruptos que merecem, sem piedade ir para a cadeia; mas também temos que lembrar que nosso judiciário, na estrutura que hoje tem, não pune de forma exemplar os políticos que são indiciados e nem os ministros, tal qual os srs. Gilmar Mendes, Lewandowisk e Tófoli (que até estão calados face a verborragia do ministro Gilmar Mendes), que exacerbam quando estão na presença de holofotes fazendo política quando deveriam fazer justiça.
#foragilmarmendes

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segunda-feira, 18 de setembro de 2017

PT quer boicotar eleições

 O PT está vendo outro momento que ninguém mais no Brasil vê, qual seja, que os integrantes da sua legenda são um poço de virtudes, de que ninguém que está ligado ao partido cometeu ilícitos e que todos estão conjurando contra o partido. O fato que quererem declarar que vão boicotar as eleições futuras é de uma pequenez tão grande que nem no partido conseguem ter unanimidade.

Este partido que diz (só diz) defender a democracia só defende a democracia que lhe interessa, aquela na qual o judiciário só atenda aos seus interesses, aquela na qual o povo aceite que tudo o que vier do partido é verdadeiro, enfim que eles sejam os guardiões da verdade.

O PT não está se dando conta do mal que está imputando ao país com esta posição irracional, mesquinha e intransigente que está levando outros “malucos” a quererem ter ideias tão irracionais quanto, tendo como exemplo a fala de generais de que seja realmente dado um golpe de estado por alguns idiotas que vestem farda.

Não podemos brincar com nossa tão jovem democracia, conquistada a ferro e fogo, com lutas em prol das liberdades, que se consolidaram mas que, infelizmente, por nosso tão grandioso desejo de liberdade, nos fizeram apostar em políticos inescrupulosos, ladrões mesmo, que roubaram nossa pátria em tenebrosas transações em benefício de um projeto de poder sem a menor cerimônia.

Estes senhores fizeram tão bem feito o trabalho que ao despertar do sonho não se derem conta de que haviam ensinado a ladrões experientes da famigerada ORCRIM, denominada de PMDB, o caminho “das pedras” para que o mesmos, de forma exponencial, tentassem perpetrar as ações fraudulentas agora já em interesses pessoais de riqueza.

Até acredito que o primeiro interesse da ORCRIM denominada PT era realmente o projeto de 20 anos de poder (quanta ilusão) mas seus integrantes e quadrilheiros, ao verem quão fácil era roubar os pobres contribuintes e suas empresas – as joias da coroa como Petrobras, Correios e outras menos grandiosas mas de verbas vultosas, VALEC, Infraero por exemplo. Tornaram-se criminosos comuns e ladrões da pior espécie, visto que ao roubarem o dinheiro do estado estavam roubando escolaridade, saúde, deixando à míngua todo o povo como podemos ver em nosso dia-a-dia, com as filas imensas dos hospitais por atendimentos que não irão ocorrer devido à falta de investimentos na saúde, com as filas dos progenitores nas escolas para poderem matricular seus filhos, com a política de segurança pública caótica por falta de verbas e com a marginalidade imperando nas principais regiões com inocentes sendo vitimados por balas perdidas.

Tomara que esta ideia estapafúrdia não viceje (embora dentro de mim houvesse um regozijo), para que não lancem mais fogo no paiol dessa sociedade que precisa de ter políticos que nos levem a um porto mais seguro e a um abrigo desta tempestade que está a rondar nossa sociedade.

Prá frente Brasil!

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#calaabocagilmar


Para Gilmar Mendes, "certamente" Raquel Dodge vai revisar procedimentos de Janot - Reuters

Este senhor não se cansa de falar mais do que deve; senhor Gilmar Mendes, JUÍZES SÓ DEVEM SE PRONUNCIAR NOS AUTOS!
Quando é que nós brasileiros vamos tomar uma atitude contra este senhor para que o mesmo não venha a fazer política na suprema corte?
Nossos congressistas já deveriam ter tomado a atitude para poder impedir este senhor de continuar a atrapalhar o andamento das ações anticorrupção que estão sendo levadas à frente pela PGR, não importando quem está procurador geral.
Não existe um meio de impedirmos este senhor de continuar como integrante do STF?
Com a palavra as organizações competentes para tal fim.

Lugar de general é na caserna

E aí sr. Ministro da Defesa, a quem estão subordinados os comandantes das forças armadas, qual a sua palavra?
O senhor irá tolerar uma atitude de total desrespeito à hierarquia?
Tal qual os juízes só devem de pronunciar nos autos nenhum comandante, de qualquer força, seja ela das forças armadas ou das forças auxiliares, pode exercer a indisciplina sem que seja punido de forma dura para desencorajar outros que queiram, ou pretendam, por algum motivo, se insubordinarem.
Forças armadas só nos servem se mantiverem a hierarquia e o respeito como atitude; não queremos em hipótese nenhuma que "malucos" possam passar por incendiários colocando em risco nossa tão jovem democracia.

Que coisa feia Janot!

Que coisa feia Janot!
Além da deselegância com a nova procuradora Raquel Dodge o total descompasso com o momento histórico em que pela primeira vez uma mulher assume a Procuradoria Geral da República.
Que coisa a feia Janot!
O senhor acabou por manchar uma gestão profícua, mesmo tendo alguns momentos de ribalta proporcionado pela sua vaidade, que fez com que nós brasileiros não nos sentíssemos tão abandonados pelo poder público, apesar de ser uma obrigação da PGR.
Que coisa feia Janot!
Porque não comparecer ao ato de posse de sua substituta o que, apesar das discordâncias de estilo e de comportamento, iria demonstrar que o senhor estaria acima das discordâncias e cumprindo o rito de passagem de forma tão natural.
Que coisa feia Janot!
Apesar do seu discurso de tolerância, embora em alguns momentos o senhor tenha dado demonstração de intolerância, principalmente com os que saquearam e se locupletaram com o dinheiro do contribuinte, o que de certa forma compreendemos, não conseguimos entender o porquê da sua ausência na solenidade de posse da nova procuradora.
Que coisa feia Janot!
Este não é o comportamento que nós esperávamos do Procurador Geral da República pois intolerância não deve ser um ato de quem está a pregar, acima de tudo, a justiça.
Que coisa feia Janot!
Esperamos que a nova procuradora, Sra. Raquel Dodge, tenha um comportamento republicano com muita discrição no dia a dia, sem preocupação com as mídias e holofotes, e seja, acima de tudo, transparente e clara permitindo que nós, os contribuintes que com nossos impostos pagamos a conta, possamos acreditar que temos servidores sérios e competentes.
Que coisa feia Janot!
Torcemos para que que a senhora tenha uma boa gestão, neste período em que estará estará a frente da PGR, honrando a instituição e deixando de lado vaidades e conchavos.
Boa gestão sra. Procuradora Geral da República Raquel Dodge, são os nossos sinceros votos em seu novo, e árduo, desafio.

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quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Fim do Conselhos Federais de profissões


Economistas querem o fim de diploma obrigatório (MSN notícias - 14/09/2017)

Há muitos anos defendo isto da não obrigatoriedade, principalmente nas atividades mais voltadas para o aspecto da sociologia, de só poder exercer atividades nas áreas quem se habilitou nos conselhos federais.

Até hoje não entendo o porque de ser formado e não poder atuar; só se estiver atrelado a um conselho e a um sindicato; até para ser um corretor de imóveis, um representante comercial e outras atividades para as quais não existem cursos em nível superior, o cidadão só pode exercer a atividade se estiver ligado a um conselho federal e a um sindicato da categoria.

O negócio é tão bom a que até pelegos taxistas já estão em movimento para criar o Conselho Federal dos Taxistas, e consequentemente os conselhos estaduais, atrelando a estes conselhos os sindicatos.

O país mudou, não pode haver reserva de mercado e obrigatoriedade de adesão a sindicatos que só fazem bem aos dirigentes que se locupletam, politicamente e financeiramente; isto não deve ser compulsório e sim opcional, por livre e espontânea vontade.

Se o cidadão se forma em medicina, engenharia, psicologia, educação física ou em outra atividade e montar um consultório, um escritório ou passa a dar aulas particulares, vê o negócio evoluir, negócio este que foi formatado pelo cidadão, expandir e crescer a ponto de se transformar em uma clinica, uma empresa de engenharia, em uma academia ou em um colégio o mesmo não poderá exercer a gestão pois terá que contratar um administrador, com CRA e sindicalizado; porque? Afinal foi ele quem bancou o crescimento, foi ele quem gestou o negócio, foi ele quem formatou e evoluiu, gerou empregos, pagou impostos para no final vir um conselho qualquer aplicar uma penalidade (multa) por não ser um administrador de formação acadêmica, tudo porque uma legislação tacanha e obsoleta prevê que só um administrador de formação, e registrado no conselho e sindicalizado, pode fazer a gestão.

Por favor, "me bata um abacate"!

Eu já não consigo entender porque um aluno graduado em direito não pode exercer a profissão a não ser que faça exame da ordem e, só então, com o pagamento da anuidade, e do sindicato, possa enfim atuar. E não me venham dizer que é para auferir o conhecimento do assunto uma vez que se a faculdade foi autorizada a funcionar ela recebeu autorização do MEC para tal.

Se esta faculdade/universidade não presta que o órgão regulador - MEC, simplesmente feche a escola mas quem cursou e foi aprovado tem pleno direito de exercer a função na qual se graduou.

Este movimento que se inicia com as escolas de Economia deve ser ampliado e reverberado para todos os outros cursos e, somente aqueles cursos que realmente necessitariam de avaliação por lidarem com vidas - medicina, engenharia (se formarem maus engenheiros podem levantar prédios que podem ser verdadeiras arapucas), enfermagem, e outros poucos afins, deveriam passar por uma avaliação de conhecimento para poderem exercer suas atividades.

Moderniza Brasil!

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segunda-feira, 3 de julho de 2017

Jesus no Bar ou A Lenda da Chegada de Jesus na Bahia

Estavam um carioca, um paulista e um baiano no boteco do Mercado Modelo, quando o carioca diz aos outros:
— Mermão, esse cara que entrou aí é igual a Jesus Cristo.
— Tás brincando! – dizem os outros.
— Tô te falando! A barba, a túnica, o olhar...
O carioca levanta-se, dirige-se ao homem e pergunta:
— Mermão, digo, Senhor, tu é Jesus Cristo, não é verdade?
— Eu? Que idéia!
— Eu acho que sim. Aí, tu é Jesus Cristo!
— Já disse que não! Mas fale mais baixo.
— Pô, eu sei que tu é Jesus Cristo.
E tanto insiste, que o homem lhe diz baixinho:
— Sou efetivamente Jesus Cristo, mas fale baixo e não diga a ninguém, senão isto aqui vira um pandemônio.
— Mas eu tenho uma lesão no joelho desde pequeno. Me cura aí, brother, digo, Senhor!
— Milagres não, pelo amor de Papai. Tu vais contar aos teus amigos, e eu passo a tarde fazendo milagres.
O carioca tanto insiste, que Jesus Cristo põe a mão sobre o joelho dele e o cura.
— Valeu, viu! Ficarei eternamente grato!
— Sim, sim, mas não grite! Vá embora e não conte a ninguém.
Logo em seguida chega o paulista.
— Aí, ô meu! O meu amigo disse-me que és Jesus Cristo, e que o curaste. Tenho um olho de vidro, cura-me também!
— Não sou Jesus Cristo! Mas fale baixo.
O paulista tanto insistiu, que Jesus Cristo passou-lhe a mão pelos olhos e curou-o.
— Ô lôco, meu! Obrigado mesmo!
— Agora vá embora e não conte a ninguém.
Mas Jesus Cristo bem o viu contando a história aos outros dois, e ficou à espera de ver o baiano ir ter com ele. O tempo foi passando, e nada. Mordido pela curiosidade, dirigiu-se à mesa dos três amigos, e pondo a mão sobre o ombro do baiano, perguntou:
— E tu, não queres que...
O baiano levanta-se de um salto, afastando-se dele:
— Aê, meu rei! Tira as mãozinhas de mim, que eu ainda tenho seis meses de licença médica!
(www.osvigaristas.com.br)

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sábado, 1 de julho de 2017

Pobre Brasil

O momento político que o país está vivendo em muito pode lembrar aquele vivido em agosto de 1954 quando o país atolado em crises políticas e, com as graves denúncias de corrupção que cercavam o governo do presidente Getúlio Vargas, aonde as correntes políticas da época lutavam pelo butim que sobraria caso o governo se deteriorasse a ponto de ser defenestrado do poder.

O presidente Getúlio de tanto apanhar e ver que seus mais próximos aliados, e parentes, surrupiavam o dinheiro público só viu uma saída, qual seja não a renúncia mas a saída definitiva para entrar na história.

Qual a diferença do discurso político de hoje com o que escreveu Getúlio no primeiro parágrafo que abria a carta testamento:

“Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.”

Com isto não queremos, de forma alguma dizer que o presidente Temer, tenha que ter o mesmo posicionamento, mas que seria de bom tom, que definissem uma estratégica saída e, se possível, pudesse também entrar para a história, mas parece que falta a ele, o presidente Temer, a grandeza para entender tudo o que de mal está a fazer para o Brasil.

Hoje vemos que os políticos em nada mudaram desde aquele longínquo agosto de 1954, pois continuam como abutres na carniça esperando as sobras para poderem se alimentar e, quem sabe, usufruir um pouco mais do poder.

Hoje vemos que os partidos, da esquerda, que foram da base que manteve durante treze anos o PT no poder, continuam a achar que nada de mal fizeram ao país e esperam que as sobras deste desgoverno possam cair em suas mãos para continuarem a se locupletar, e sem nenhum escrúpulo, manterem toda a situação que perpetraram ao longo daqueles anos de poder.

Esta análise serve também para os partidos, e políticos, que hoje são da base deste desgoverno, principalmente para o PMDB e para o PSDB que atolados estão nas denúncias de corrupção e continuam a achar que podem continuar a exercer seus mandatos, que democraticamente lhes foram concedidos pelo voto popular. Que triste país este nosso Brasil, pois ainda vamos ter que manter estes políticos menores no exercício destes mandatos até que nova eleição possa ser realizada e, quem sabe, o povo enfim possa eleger novos deputados e senadores que façam política de forma limpa e honesta.

Não é fácil para quem está na sua labuta diária tendo que trabalhar quatro/cinco meses por ano para pagar impostos que não retornam em benefícios para o contribuinte, que afinal sustenta toda esta estrutura de poder, tendo que pagar para colocar seus filhos em boas escolas, ter que pagar planos de saúde porque o estado, que deveria lhes dar um mínimo de assistência não o faz, enfim tendo que pagar salários e benefícios absurdos aos políticos – em todos os níveis, de vereadores a senadores, sem que nada de retorno receba. Pobres contribuintes que são tratados pelos governantes como simples sustentadores das suas benesses e não como patronos reais que são do estado.


É difícil acreditar que alguma coisa possa mudar em nosso país no curto e, até, no longo prazo pois as próximas gerações já estão contaminadas e, infelizmente, não vemos como possa ser mudado este triste cenário.

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quinta-feira, 29 de junho de 2017

De como Val desasnou (de autor desconhecido)

Era dia de sexta-feira de tardinha e Valdelício Bispo dos Santos, o Val, tava desmilinguido ali na janela de sua casa no bairro Machado, agoniado, seco prá comer água com a galera, mas enfusado dentro de casa.

É que Floripes, a dona encrenca, tratava ele na corda curta e às vezes na base do trompaço. A cada vacilo ele caía na taca. E Flor pra ficar virada na porra era daqui prali, a bicha era carne de pescoço.

E tava Val nessa consumição quando Flor, que bolia nuns caqueiros no quintal, gritou lá de dentro:

- Beinho, dê um salto ali na feira de São Joaquim e compre uma corda de caranguejo pra eu fazer um escaldado prá você mais eu!

- Oxente, beinho, só se for agora, respondeu Val. E Flor de lá:

- Mas oi sua vida, hem, não vá demorar não senão eu lhe passo a porra, viu? E Val saiu picado, pongou no primeiro humilhante e saltou na feira de São Joaquim.

Malmente ele chegou encontrou a raça.

- Êta zorra, agora fudeu maria-preá, pensou Val.

- E aí corrente, qual é a de mesmo, saudou. E tome a comer rama, dizer pixote um pro outro e olhar os balaios das meninas feito abeiha de padaria.

Val ficou logo pronto mas toda mão dizia que ia se picar. Conversas de tomar a de saideira, a antepenúltima, a de cortesia, a da dolorosa, a de comemoração, e o tempo passando. Quando Val viu já era de manhã.

- Ai meu São Longuinho, é hoje que vou me campar! Aquela bozenga vai me garguelar, tá rebocado!

Meio azuado, comprou a corda de caranguejo e foi prá casa.

- Hoje eu me lenho, com certeza, sem medo de errar! A sacrista mai me picar a porra, sofria Val.

Mas no que ele despongou do buzu ele desasnou. De junto de sua casa, ele desamarrou os caranguejos, arrumou uma varinha e foi guiando os bichinhos até em casa, falando alto prá Flor ouvir:

- Caranguejo, diabo, rumbora, ôxe, é por aqui!

Flor, que já esperava na porta, retada, foi logo dizendo:

- Seu descarado, filho de mulé dama, se prepare que vou lhe bater fixe!

E Val:

- Oxen, beinho, você pensa que é moleza vir de São Joaquim até o bairro Machado, na paleta, tangendo essa ruma de caranguejo, fazendo o bicho andar pelo passeio, descer meio-fio, atravessar rua, correr de cachorro, e parar em sinaleira? Demora como um corno.


Ô, retado !

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terça-feira, 27 de junho de 2017

A Educação no Brasil

Segue mais um escrito, de 2006 mas atemporal.

06/2006
Nesta semana, ao ler as páginas amarelas da revista Veja, li uma entrevista do Sr. Normal Gall, do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial, americano de nascimento e brasileiro naturalizado, vejo que às vezes, quase sempre, é preciso que alguém com visão maior, porque não dizer holística, encare a realidade do nosso Brasil de que a educação e a cultura têm que ser os pilares das mudanças que se fazem necessárias. Mais importante ainda é ver que este conceito é emitido por alguém que escolheu este país para viver apesar de todas as possibilidades contrárias.

Na entrevista este senhor fala sobre a deterioração da escola pública como base para a infinidade de males que assolam nossa população mais pobre que não tem acesso a um ensino mais elaborado e de melhor qualidade.

A constatação de que os políticos não priorizam a educação mais uma vez nos mostra o quão desamparada está a população e demonstra, também, o quanto a nossa sociedade (os mais ricos) não se preocupa com o futuro. A generosidade e a filantropia não fazem parte do nosso ideário e isto dificulta em muito a distribuição de riquezas, não só a riqueza financeira mas também, e principalmente, a cultural.

Como podemos ter cidadãos cientes e conscientes para poderem lutar por melhores condições se os mesmos não conseguem sequer ter a condição mais básica para poderem entender o que é preciso ter para, então, poder fazer?

É muito difícil em nosso país estudar pois a escola pública não dá, àqueles que dela se utilizam, a base necessária para poderem lutar, no seu futuro, por uma vaga no ensino superior e poderem, então, completar o ciclo de ensino que precisam.

Em algum momento passa pelo meu pensar se necessário seria uma regressão tão grande da situação econômica financeira da classe média brasileira que obrigasse a todos nós ter que matricular nossos filhos nas escolas públicas para que desta forma, via pressão desta imensa maioria de brasileiros, nossos políticos enfim se rendessem a necessidade de que é preciso mudar.

Dá para imaginar que Brasil teríamos com boas escolas primárias e secundárias em tempo integral, aonde os alunos poderiam ter acesso a boa alimentação, senão a melhor a mais adequada, uma formação educacional bem estruturada, horário para a prática de outras atividades - leitura, esporte, artes, ensino técnico - enfim atividades que além de dar uma melhor formação poderia dar liberdade para que os pais, sabedores que seus filhos estariam sendo bem atendidos por este estado que os esfola em impostos, pudessem trabalhar com mais tranqüilidade e, lógicamente, produzir mais e de forma melhor.

É claro que também podemos pensar no ensino superior, não o ensino superior que temos hoje gratuito, e que só privilegia a classe média e média alta que podem pagar boas escolas com melhor formação para os seus filhos, mas um ensino que obrigaria a cada aluno formado devolver de alguma forma este benefício recebido à sociedade para que novos alunos pudessem usufruir do mesmo ensino e com a mesma qualidade. As formas de devolução podem ser várias, desde a prestação de serviços ao estado até pura e simplesmente com o pagamento em numerário do curso para aqueles que não quisessem fazer a prestação do serviço.

Imaginemos assim: as principais universidades federais, estaduais ou municipais aceitariam os melhoras alunos das escolas de ensino médio federais, estaduais ou municipais - para tanto reservariam um percentual de suas vagas para estes estudantes (sem preocupação de raça, credo ou qualquer outra forma de discriminação, mesmo porque pobre é pobre independentemente de sua cor ou credo) e estes alunos após formados prestariam serviços ao estado nas suas funções por um período de tempo, com remuneração de mercado, o que de uma forma ou de outra estaria devolvendo em serviços à população o que ela investiu com os impostos na formação daquele profissional.

Será que estes profissionais, conscientes de que sua formação foi advinda única e exclusivamente através dos impostos que foram pagos por aqueles a quem está prestando serviços, não os veriam de uma forma mais humana?


O mais importante de tudo isto é que se o estado não investir de forma séria e concisa em educação não podemos ter a certeza de que teremos um Brasil de melhor qualidade e com cidadãos que poderão exercer sua cidadania com dignidade.

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A que ponto nosso país chegou!

Um "roto", senador Renan, indiciado pelo STF mas nunca julgado (?), enrolado em denúncias de prevaricação e corrupção, líder do partido do governo-PMDB, a bradar e bater boca com o líder do governo no senado, o "esfarrapado" senador Romero Jucá, outro enrolado até o pescoço no STF, e também do PMDB, dizendo que o governo não tem legitimidade para fazer reformas; legitimidade até tem, embora não tenha moral (tal qual os governos petistas) mesmo porque a maioria dos políticos que lá estão, de todos os partidos - PT, PSDB, PMDB, PSol, PP, PDT, e outros menos cotados, embora não menos enrolados, também estão no mesmo barco de corrupção e outros crimes.
Afinal, o que é que deve acontecer ainda mais neste nosso Brasil para que estes políticos se esforcem para fazer o que nós, os pagadores de impostos e reais donos do país, queremos e precisamos?
Sigam a constituição e vamos, mesmo com sofrimento (afinal nada vem de graça), retomar o rumo para as futuras gerações, fazendo todas as reformas necessárias sem atrapalhar mais do que já está atrapalhado.
Que país é esse!

Vejam o link abaixo
http://a.msn.com/01/pt-br/BBDmRdl?ocid=se

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segunda-feira, 26 de junho de 2017

Emendas e Sonetos

Pra quem quer conhecer um pouco mais da minha cidade, Rio de Janeiro; este blog do jornalista e escritor André Luiz Mansur, agora por mim descoberto, traz muitas boas lembranças da cidade.
Acredito que muitos cariocas, como eu, não o conheça mas uma certeza tenho, qual seja, vou ler alguns dos seus livros.
Boa leitura a todos.

EMENDASESONETOS.BLOGSPOT.COM

Não sei o autor, o que é uma pena, pois mereceria o crédito, mas tem tudo a ver com Salvador.

"Na Baiana de Acarajé "
-Diga aí freguês?

-Baiana, vê um com e um sem pra viage.
-Bota pimenta?
-Tá muito retada?
-Tá boa.
-Então bota como se o cu fosse seu. Tem guaraná?
-Sim. Tem coca, fanta, fanta uva e soda.
-Bota uma coca pra viage também. Sabe dizer onde eu pego o buzu pra Muriçoca?
-Faz o arrodeio a direita. Ele passa na pista de lá.
-Costuma demorar?
-Demora pra caralho. Só passa de caju em caju.
-Ôto dia peguei esse buzu e o motô botou pra fudê. Corria virado na nisgraça, acho que tava comeno água.
-Esses corno num respeita a gente. Leva o buzu como se fosse fusca. Ôto dia o motô fez uma curva virado na porra e derramou meu balaio todo.
-Filho da puta! Porque você num mandou ele pra casa da porra?
-É que tava na pendura, num podia reclamar. Cê sabe né, as vez a gente pega carona.
-Cê tava indo pronde?
-Da Curva Grande pro Pau Miúdo.
-Ah! Longe pra porra.
-O pior né isso. O buzu tava intupido e tinha um viado fazeno terra em mim. Mandei o sujeito tomar no lugar que galo gosta. Que falta de respeito!
-Pois é baiana. O povo num respeita mais nada. É foda! Cê já viu que tem um carioca trabalhano na padaria de seu Nonô?
-Vi, acho que ele é meio tiziu do peito seco.
-Pois é. O sacana ficou rino da minha cara porque pedi uma vara e dois cassetinho, pode?
-Pode não batera, quem essa bicha pensa que é?
-Sei lá. Aquela coca é fanta mesmo.
-Tô indo baiana. Vou levá o acarajé da nêga antes que isfrie. Ah! Bota uma punheta também. Quanto é?
-Seis real.
-Bota no prego baiana. De hoje a oito eu te pago.

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